Saudade das Cavidades
Em noites de tempestade
quando os uivos do vento balançam as teias de aranha
na mansão abandonada
o Tempo
capenga
descortina o passado
deixando-o cair de seus bolsos furados
e inexorável arrasta as lembranças
para o poço do olvido
onde sonâmbula a memória se afoga
e o Tempo desfiando a esperança
até acabar com o tecido da vida
e com o passar desse Tempo
as cores vivas da vontade
vão deferindo o tom cinzento da solidão
e as cavidades vão sendo progressivamente
substituídas pelos cinco dedos da mão
e pelo cinismo
13-03-21
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